segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Impenitência

Corrí.
Atrás do tempo que não ganhei.

Parei de pensar,
parei de falar.
Soube que não restava mais nada,
a não ser lhe encontrar.

Beijei, calei, caçei, amei.
Acreditei no que sabia não mais existir.

Pude.
Contei segundos e somei olhares.
Bebí você.
Respirei seus ares.

Não lhe intressou.



.Rubens Salomão.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A Arte do Desencontro

A mania de acreditar.
Acreditar no improvável,
acreditar no inacreditável,
acreditar no incrível,
acreditar no irreal.

A creditar o culpado,
anjo safado.
Só um flechado.




.Rubens Salomão.

Contrição

Resta correr.
Atrás do tempo que ainda vou ganhar.

Resta parar de pensar,
parar de falar.
Resta saber que não me resta mais nada,
a não ser lhe encontrar.

Interessa beijar, calar, caçar, amar.
Acreditar no que sei não mais existir.

Resta poder.
Contar segundos e somar olhares.
Beber você.
Respirar seus ares.

"Interessa?"






.Rubens Salomão.

Opte Por Amar

Não era o caminho. Até porque essa história de que cada um faz seu caminho nem sempre é verdade. Por mais que me doa, devo admitir. Sua trilha, em vezes, é totalmente arquitetada por outra pessoa. Mesmo que esta não tenha a menor noção do que esteja fazendo. Ela o leva, o busca, oculta, o cultua. Oculto(,) faz as coisas saberem que são, mas que não estão.
A obscuridade do caminho é o que não nos deixa romper a barreira entre a verdade filosófica absoluta e o ditado popular. O obscuro é a omissão, o medo de se mostrar, de dizer o que sente, ou o que não sente. Há uma distância entre ser e estar. Ser louco por alguém e estar com esse alguém. Não veja problema em perceber que sente algo, veja que não é certo não sentir. Como se fosse uma opção.








.Rubens Salomão.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Resumo

O que fazer quando se tem tudo o que um dia quis?
Saber se ainda é o que quer. Eu mudo: porque não sei o que falar e porque não sei mesmo ser o mesmo sempre. Vivo momentos. Rêvivo momentos. Mutações à parte, existem fatos constantes. Princípios inalterantes que insistem em me levar, me fazer caminhar, intacto, com pouquíssimos arranhões. Soberba, dignidade, arrogância, brio. Veja como quiser: sou orgulhoso, fato.
Peço, expresso, busco sempre independência, menos interferência, sem perder a presença. Tenho sede do novo, do belo e poético. (E é.) Sinceridade e honestidade são pelo que prezo. Não engano. Sou cúmplice, gosto de cumplicidade. Amizade. Cor. Da importância que tem ser importante, ter valor, fazer (a) diferença. Nunca definir uma sentença. Ter credencial para transitar em todos os sentimentos, entrevistar cada célula e saber se está mesmo tudo bem. Quando não, fazer com que tudo fique bem, ou algo próximo disso, ou só abraçar.




. Rubens Salomão .

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sibilino

Entrou.

Não mais saiu.


Subiu. Oscilou. Desceu. Voltou.


Ferro quente cicatrizou depois de ferir.


Marcou o inabalável entender do que pode mas não é.


Esqueça. Não é retornável. Não aceitamos devolução. Comprou, vendí.


Trate de lembrar. Traste, mas seu. Preferivelmente, só seu. Obrigatoriamente minha.


Encurrale no lugar que é você. Diga que eu vou vencer. Comprove, vencí.


O tempo passou. Saiba, não importa como, eu vou estar.


Conheceu, compreendeu a parte daqui.


Incógnita. Abracadabrante.


Não saí.


Entrei.









.Rubens Salomão.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Préstenção

De começo as coiz parece que num vai, mais quando nói menspera, és vai.
Nói pensa que num dá conta dus trem, que é pamonha demais pro nosso milharar, má és vai. Deve que as coiz tava pra aconticê desde o cumeço e nói nem isperava em sabê.
Deve que tava iscritu.
Aí o que nói tem pra fazê é só tomá de conta.
Até pusquê se chegô até aqui, daqui num vorta, né mêz?
Ocê ói pcê vê: se eu espero a galinha dá 20 ovo num mês e ela dá 30, quê quêu faço?
jogo 10 ovo fóra? não, uai!
ô eu vendo dezôvo, ô eu crí 30 pintin.
É o quêu tô dizeno, se chegô até aqui, daqui pra trás cê num vorta, é só tomá de conta.
Isturdia ô ví dizê que tem genti que num ach-ô que porcura.
Só ach-ô que num presta prela.
Ingraçádimais!
Cadiquê que quesse povo num larga de mão de porcurá?
Fica pelejanu incima do que num dá futur.
Véve a vida e quem sab cê num cria 30 pintin e num mei dels num tá o Galão bunito que vai aprumá seu galinhêro?
Ôtôérràd?







.Rubens Salomão.

sábado, 30 de maio de 2009

Hidroxila na Ponta da Cadeia.

... e era o último ponto final. Nem ver. Desperdiçar a chance de aproximação, sendo necessária ou não. Uma vontade amazônica de não me ver. Amazônica. Invisivelmente enorme, em princípio, mas que foi desmatada... Acre por acre. Galho por galho, cada folha. E quando pensei chegar no cerne do obscuro rubro de sua ex-mata, e quando pensar que tudo estava claro, eis que árvores virtuais dez vezes maiores surgem. Uma multidão de seres ex-curos prolongam a distância ao infinito e, agora, o ponto era meu, afinal. A incompetência era minha, a incapacidade de aproximação, a decepção, a frustração. Eu não conseguiria, não consegui.
Como seguí.
Como Johnnie, continuei. Apesar do concreto irreal que insistia ao existir, e não parar. Parou, quando o tornei simplesmente. Quando o tomei, simplesmente.
Rubens Salomão.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Dura Vida de Quem não Bebe Coca

É foda. Aparentemente todos acreditam no ditado popular: “gosto não se discute”, mas fica só no aparente. Não se discute em até certo ponto. Saia com os amigos e estrague o plano clichê de pedirem uma dois litros pra ver. Alguém pergunta sem nem esperar o iminente sim coletivo: “Coca, né? Dois litros?”, e você se prepara mentalmente, se sente forte e assume como é: “Eu não bebo Coca.”

Parece que o tempo pára. O garçom e todos da mesa em que está sentado e os das outras mesas e quem estava passando pela rua e até o urso branco lá do pólo norte que adora viver o lado Coca-cola da vida ficam paralisados. Em coro o mundo pergunta: “COMO ASSIM VOCÊ NÃO BEBE COCA??”. O sábio ditado popular não existe mais nem na teoria. O que se discute agora é o gosto.

Ilógico, incoerente, impossível não gostar. A discussão acontece regada a coca para todos e a qualquer outra coisa para mim, quando algum ‘iluminado (a)’ tem o lampejo e diz resolvida a questão: “é que você é contra o capitalismo, né? Imperialismo e ‘american way of life’... você também não come no McDonald’s. Eu sei!”. Com toda a calma que consigo ter explico que não é nada disso; simplesmente não gosto de refrigerantes sabor cola, principalmente de Coca, que é o pior deles.

Sou goiano e não gosto de pequi. Terráqueo e não gosto de coca. Mas vivo bem! Não se preocupe, sou normal, só não sou comum. Não é fácil fugir da norma, mas a gente, com inventividade e persistência, consegue. Brindemos!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Preso ao Factual.

Por que tem de ser assim?

Se a saudade já não cabe mais em mim.


Parece que não sabe do sentimento,



do sofrer que esgana o falar.




Do calar que sufoca vontades, inconformidades,





fazendo do amor um conjunto de verdades.






Do calor que falta na minha rotina.







Do frio que some da minha barriga.

















.Rubens Salomão.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Seja, apesar disto.

Escolha um alguém e esse será quem defenderá com sua essência.
A estrita auto-definição lembra muito a rotulação, ou melhor, o pré-julgamento. As pessoas tatuam nas testas quem são, quem querem ser, com um tipo específico de tinta que nunca é apagada, no máximo manchada, e depois pode-se escrever de novo em cima da mancha que fica. O pior dessa tatuagem é que a única pessoa que a pode ver, e suas manchas, é você mesmo.
Certamente já viu um exemplo de pessoa que se define ao outro antes mesmo de o conhecer. Aquele do tipo que diz ao caixa do banco: "...é que eu sou assim mesmo.". Julga a sí com tanta naturalidade e aceitação, sem auto-crítica ou, pelo menos, sem nenhuma possibilidade de transformação, por mínima que seja. Não cogita a possibilidade de, em alguma oportunidade, não combinar a bolsa com o sapato ou abrir um botão da camisa, ou fechar um botão da camisa, ou usar uma camisa. O ser humano é mutável, inconformável, para, quem sabe, ser notável. Não é a continuidade de ações que nos diz quem você é, mas o rompimento dela. Quando a expectativa é quebrada.
As máscaras podem ser escolhidas por vários motivos e é até considerável que a face real não passe de mais uma máscara. Em meio a tantas irrealidades, a verdade se torna mentira.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Começou!

Não. O dia de homenagem a Joaquim, nem os consequentes pensamentos sobre Independência, foram o motivo criacional deste blogo. Não verdade não sei se há um motivo, nem mesmo um conjunto deles.
Pode ser o simples modismo ou a simples vontade falar em público, por mais que o público seja fictício. Sei apenas que o motivo é simples, assim como a vontade e a facilidade de fazê-lo (o blogo). Depois de três ou quatro cliques já estava eu com uma página preta só minha!
Não esperem vocês, queridos-leitores-fantasmas, que haverá algum tipo de regularidade nas postagens. Tanto de conteúdo, quanto de forma e periodicidade. Certamente, semanalmente, algo terei em mente.
E aqui é branco no preto!
Há Braço.

Amor

Entenda.
O entender não é completo.
Eu às vezes sou discreto,
e perco a hora de não falar.

Ofenda.
Não perca a chance de ser indiscreto.
Mesmo sabendo que não é correto,
mas é do que vai precisar.

Compreenda.
Assim não se arrisca no complexo.
Não sente que falta aquele nexo,
me decepciona a falta de tentar.


.Rubens Salomão.